Sociedade das Almas Perdidas

Ultimamente não se vê por aí seres humanos; o que encontramos nas vastas terras são os profanos, habitantes das alturas de ferro, e fantoches, trancados nos quartos escuros por trás das cortinas que não querem remover. O que resta, então, são os hereges, as almas perdidas, rondando nos exterior das torres, em derredor do imenso campo enevoado. Onde estão as fronteiras? Onde está o limite? Quando se chega ao além, ao incognoscível?

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Local: Belém, Pará, Brazil

sábado, agosto 27, 2005

A Esfinge (continuação)

Ele engraçado deve ter me achado,
Ou elevou-se até a fúria suma,
Pois riu da minha cara com um chiado
Felino, mas sem emoção alguma.

“Seu tolo!”, começou. “A quem tu pensas
Que estás te dirigindo neste instante?
As tuas palavras são mui propensas
A te fazer ganhar dor lancinante!

Não falas a qualquer gato de rua;
Então, se prezas a medíocre vida,
Olha o que falas e controla a tua
Língua sutil, audaciosa, atrevida!

Comigo, que sou quase onipotente,
Melhor é que com modo humilde fales,
E fica sempre mantendo isto em mente:
Não te darei perdão, conquanto cales!

Do Reino do Horror enfrentei as dores,
Também de lá vim com enormes poderes.
Não hás de entender enquanto não fores
Encarnado em atormentados seres.

Agora basta apenas emoção
Forte para que eles sejam libertos.
Não queiras ver tais forças em ação;
Conduzem aos destinos mais incertos!

E não queiras em ti sentir as garras
E as presas deste ser ensandecido;
Dores cruéis, infinitas, amaras,
Imensas qual o universo desmedido.

Contra mim não terás chance nenhuma;
É vão fugir, é vão buscar abrigo!
Dentro em pouco conhecerás a suma
Atrocidade! É isto o que eu te digo:

Não confies em mim, pois não confio
Em ti e em nenhuma viva criatura!
Sou eu um inevitável desafio,
Grande potência que ninguém atura.

Mas, se de fato pensas ser capaz
De decifrar este enigma mortal,
Cuidado! No momento um capataz
Hei de ser, e agirei bem como tal!

Arrisca-te a ter doloroso fim
Sob os efeitos de forças intensas.
Jamais poderás subsistir a mim;
Não sou tão dócil e frágil quanto pensas!”

Que sujeitinho impertinente, eu logo
Imaginei, e então pensei comigo:
Acha ele que eu me facilmente afogo
Em pequenas ameaças de inimigo!

Bah! Eu nunca diria “Deus me acuda!”
De coragem quis mostrar-lhe um sinal.
Decidido a prestar alguma ajuda,
Por fim decidi responder igual:

“Tento te ajudar com sinceridade
E tu me devolves hostis respostas...
Pois bem! Há muito passamos da idade
Em que as ações são sempre predispostas!

Não vou aturar tua matreira graça;
Pensas que sou qualquer fraco? Ora... Queiras!
Não! Isso não é coisa que se faça!
Preciso te ensinar boas maneiras!”
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(*Um dia eles terminarão de tagarelar, palavra d'onra!)

Anjo Caído (III)

Nós dois nos sentamos e Semjaza, depois de olhar brevemente para o céu, prosseguiu:
- Havia um anjo chamado Azazel, um hábil em forjar armas, e...
- Amigo seu?
- Não interrompa. Mas ele era, sim, embora... Ah, ele era muito mais imponente que eu, a propósito. E sabe, ele fazia eu me sentir inferior por causa disso. Desgraça!
- Algum motivo específico?- perguntei com interesse.
- Bah. O caso é que Azazel era... ufs, popular. Sempre cercado por admiradores enquanto eu-- enfim...
- Hum. Acho que entendo. Ciúmes?
- Sim, eu sentia uma inveja tremenda dele, e daí?
- Já entendi. Mas você continuou sendo amigo dele ou se declarou um adversário, para ficar abertamente contra ele?
- As duas coisas. Digo, andávamos juntos por aí, tramamos juntos contra o Demiurgo e juntos lideramos a rebelião. Confiávamos plenamente um no outro, e só entre nós fazíamos confidências. Enfim, não sei até que ponto ele era melhor que eu, mas em geral todos pensavam que eu era só mais um adulador chato seguindo seus calcanhares, por outro lado me respeitavam justamente por eu andar à sombra dele. Pudera, não tinha coragem de insultar o cão quem tivesse medo de ofender o dono, então até aí era proveitoso manter a aparência de subalterno perto dele, que em termos de ataque e defesa era de fato superior à maioria.
- E isso era um abalo na sua vontade de poder?- indaguei.
- Sim. E era um incômodo, porque na verdade eu nem queria vê-lo como um rival, e talvez ele nem soubesse que eu sentia isso. Quanto a mim, eu não sabia ao certo no que pretendia superá-lo, a propósito. Hum, talvez em mero reconhecimento, mesmo que não fosse verdadeiro, já que todos eram aduladores em relação a ele e eu queria uma pontinha disso também para alimentar a vontade de potência. Um elogio disfarçado é alimento que farta, mas causa dependência depois. Azazel tinha um reservatório disso, enquanto eu permanecia na carência; nunca fiquei perguntando se era justo. Com a vontade de potência não há justiça, nem civilidade, nem acordos; há o ego e a necessidade, e só.
- E como você superou isso?
Semjaza brilhou para mim um sorriso estranho, triunfante, quase não parecendo mais um anjo caído. Imaginei como ele devia ser nos tempos do esplendor do Empíreo, e como seria o tal Azazel, se é que fora tão superior assim. A hierarquia dos anjos era essencialmente burocrática, então algum de casta mais baixa muito poderia ser mais imponente que o próprio Demiurgo- embora fosse improvável, já que este havia expulso os revoltosos, mesmo. Quanto a Semjaza, nem sei que ponto ocupava na hierarquia, mas decerto era um dos mais altos, legitimamente. Foi então que ele me contou algo mais curioso:
- Eu era superior ao Azazel na hierarquia, por isso fui eu, e não ele, quem liderou a revolta. Eu fiquei, na realidade, mais ofendido ainda com isso, porque supus que os estava liderando por conveniência. Mas se você quer saber como... hum, superei, vou chegar lá. Primeiro, a rebelião.
- Ah, sim. Vocês dois lideraram juntos mesmo?
- Ufs. Eu era oficialmente o líder, mas ele... enfim, deixe para lá, você faz idéia de como é. Mas haveremos de convir que eu tinha ótimas idéias. Com aquilo, eu consegui finalmente algum reconhecimento, mas não me pareceu o bastante; é a dependência, passei a precisar de mais ainda. A vontade de poder é terrível... Pensei que só conseguiria acabar com ele quando tomasse o lugar do próprio Demiurgo! E curiosamente, eu não sentia a mínima inveja dele. Combatia-o como adversário político, mas desprezava-o em absoluto como um rival de ego.
- Paradoxal. Não era ele o mais poderoso, afinal de contas? Como poderia ter o seu desprezo assim?
- Podia ser- reluziu Semjaza-, no entanto ele não era o mais querido. Pelo contrário, era muito infame, respeitado com falsidade e hipocrisia, e nisso eu só conseguia enxergar mediocridade. Na luta pela vontade de potência, meu amigo Azazel era mais meu adversário que o próprio Demiurgo por causa disso; pois o Demiurgo não tinha nada que eu poderia querer.
- Então, por mais poderoso que alguém seja, não abala a vontade de poder de quem não quer nada que o dito cujo possua?
- Basicamente.
- Então, como você superou o Azazel, se é que isso aconteceu?
- Aí é que está... Combatemos contra o Demiurgo-- mas definitivamente não quero falar agora sobre a nossa derrota-- e fomos expulsos do Empíreo. Nem sei para onde Azazel foi exilado, e eu, naturalmente, vim parar aqui mesmo.
Silêncio. Cocei a cabeça, intrigado, e nem esperei que ele continuasse:
- Acabou? Mas você superou o sujeito ou não?
- Nem sei. Acontece que, quando cheguei aqui, descobri criaturas muito mais imponentes que Azazel e outros anjos, então isso anulou a antiga rivalidade e meu deu uma nova perspectiva, um desejo maior para a vontade de potência. Um antigo adversário foi camuflado por outro. Aquilo me intrigou por um instante, já que eu conhecia aquele anjo desde a sua queda e não sabia de que adversário ele falava agora.
- Coisa estranha- comentei- isso ter acontecido depois da queda. Mas então, qual é essa fonte maior para a vontade de poder?
Semjaza passou o braço em torno do meu pescoço e me puxou para junto de si, como para contar um segredo, e sussurrou:
- Eis a humanidade e seu mundo sob os céus.

quarta-feira, agosto 24, 2005

Anjo Caído (II)

- A vida- disse-me Semjaza- não tem o sentido que você queria.
- Nunca procurei um sentido.
- Já, sim- insistiu ele-, e ainda por cima ficou amargo quando não encontrou nenhum. Mas, naturalmente, não é culpa sua se você não sabe para que vive, e a mim pouco importa.
Ele se afastou alguns passos e ficamos ambos pensativos, sem trocar olhares. Ora, quem sou eu para saber o sentido da vida, de todo modo? Quanto a Semjaza, não imaginei que ele pudesse dizer grande coisa-- a tal sabedoria que ele tinha não fosse talvez para esses questionamentos, e mesmo ele sendo arrogante como era, haveria de me dizer que simplesmente não detinha consigo a resposta. Quando isso me ocorreu, fui até ele.
- Agora vai admitir que não é onisciente?- provoquei com um risinho cínico.- Apenas diga “Sei que não sei” e prometo que não vou zombar da sua falta de espírito metodológico e científico...
Ele mandou que eu fosse a um lugar cujo nome não transcrevo aqui; não porque estivesse irritado comigo, mas sim animado com o desafio.
- Então- repeti-, qual é o sentido da vida?
Semjaza me encarou com uma frieza que eu não conhecia, e respondeu:
- A vontade de potência.
- Como?
- Poder. Esse é o sentido da vida, tanto individual quanto coletivo. A vontade de poder, um significado eterno.
- Sei...- comentei, cético.- Quer dizer que o presidente da república achou o sentido da vida quando foi posto no cargo, ou o quê?
Não gostando do meu gracejo sem graça, o anjo me acertou um golpe no ombro antes de explicar:
- Sua besta, você nem sabe o que é poder? E eu pensando que vocês humanos são as criaturas mais viciadas nele! Mas então, o que faz você se sentir feliz?
- Hum... saber que superei algum obstáculo.
- Isso é o poder, meu caro. Superar o que for e seguir adiante, e encontrar um obstáculo maior para superar igualmente; superar o que for, até a si mesmo e às próprias imposições.
- Só isso? Ufs! Decepção. Quer dizer que só vivemos para alimentar a própria vontade de potência, e que isso nos dá a sensação de poder, ou a felicidade, ou o que for? Para mim ainda soa como uma falta de sentido...
- Se você se sente frustrado nesse momento, é porque agora mesmo a sua potência foi abalada, e a vontade por ela cresceu.
- Curioso- murmurei.- E de onde vem esse abalo?
Ele ficou algum tempo em silêncio, e eu não quebrei esse estado até ouvir a voz do anjo novamente:
- Deixe eu lhe contar uma coisa...

terça-feira, agosto 23, 2005

Anjo Caído (I)

"Conto panfletário" feito praticamente sob encomenda.
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Estava eu conversando com meu amigo Semjaza a respeito da evolução dos seres vivos. Dizia eu que o ser humano, especificamente, é uma criatura basicamente predisposta à felicidade, ao que ele respondia com ceticismo e ironia, afirmando por sua vez que ser infeliz é a grande sede da humanidade, a qual teria o suicídio coletivo como única opção se conseguisse alcançar uma felicidade em demasia.
- Como pode- questionei- alguém pôr fim à própria vida justamente quando deveria aproveitar a aquisição da felicidade? Haverá alguém que atire suas recompensas ao lixo? Não creio que o homem não tenha vontade de atingir uma meta e desfrutar ao máximo desse sucesso.
Semjaza riu-se de minhas palavras; não necessariamente com sarcasmo, mas como quem escuta a opinião de uma criança e não resiste ao gracejo.
- Há muitos- disse ele- que atiram suas recompensas ao lixo, e muitos mais que não demonstram satisfação em atingir qualquer meta possível, pois o sucesso encerra a esperança. Uns chamam de ambição, mas eu chamo de justificativa; e no final das contas, quando não há esperança de seguir além, todas as criaturas desistem de agarrar-se à evolução.
- Justificativa? Para quê?
- Para tudo, ora. Não se faz nada sem algo que se possa apresentar como justificativa para o ato.
Pensei comigo mesmo sobre a questão, tentando lembrar se já havia agido sem razões definidas. Fitando o meu amigo, a resposta veio logo.
- Não precisei de justificativa para adotar você, um anjo caído. Aceitei-o, e isso é tudo.
- Errado. Você me aceitou porque precisava de companhia, e eu apareci no momento oportuno. Se eu tivesse surgido enquanto você era componente de um grupo qualquer, sei que teria me dispensado e preferido continuar com amigos nos quais você depositava sua confiança não-correspondida. É óbvio que, se não fosse sua solidão aguda, não daria valor a minha companhia.
- Não é verdade!- respondi indignado.- Acha que sou interesseiro? Não gosto de você por simplesmente me fazer companhia, mas por me ser a melhor delas. Eu não teria feito o pacto de união se tivesse a menor perspectiva de me arrepender depois.
- Ah, sim...- sussurrou ele.- Acontece que monopolizei a sua amizade, então sem concorrentes não sei o quanto valho. Além do mais, eu o ajudo; nesse caso, voltando a falar sobre evolução dos seres, você progrediu ao me aceitar, e talvez eu possa dizer o mesmo de minha parte. Concorda?
- Decerto. Quem além de você conseguiu me mostrar um pouco mais de como é a sensação de liberdade?
Dito isso, receei tê-lo magoado; pois ele me contava coisas sobre outras realidades, fatos de tempos remotos, descrevia regiões vastíssimas de pontos distantes do universo: Era o que Semjaza tivera por liberdade e agora, unindo-se comigo em juramento mútuo, talvez nunca mais a tivesse, pois estava limitado à minha realidade, a este mundo, e assim tinha sido desde que ele, após a decisiva rebelião contra o Demiurgo, fora vencido e fugido dos reinos superiores. Caindo a este plano, desamparado e agonizante, precisava de um simbionte para sobreviver, e eu me comprometi a preencher essa necessidade.
- A liberdade...- eu repeti em voz baixa, olhando para as nuvens de chuva que se aproximavam.- Deve ser maravilhosa, não?
- Costumava ser- ele respondeu secamente, olhos fixos na relva e uma expressão abatida de nostalgia.
- Mas vamos, ela não está perdida ao todo. Lembre-se do que disse sobre ambição e justificativa: eis a sua esperança, e você tem alguma. Então me diga, qual sua ambição? Como é que você se sentiria verdadeiramente livre?
Semjaza cruzou os braços e olhou na direção do céu imenso, cheio de construções de luz e névoa.
- Se eu pudesse voar outra vez. Sim, voar, e com as mesmas asas de antigamente, contra o vento, acima daquelas tempestades que estão vindo, até chegar a lugares que nunca vi, e lá das alturas observar o sol nascer e minguar por trás de montanhas muito abaixo. Talvez seja apenas por essa esperança que continuo vivendo. Se eu conseguisse essa recompensa, guardaria para não soltar mais; Se encontrasse essa felicidade, desejaria viver para sempre.
Enquanto ficamos ambos em silêncio, escutando a canção lacrimosa que o vento frio soprava pelas folhas, garanti a mim mesmo que nenhuma criatura desiste de agarrar-se à evolução.

domingo, agosto 21, 2005

Evasão (Devaneio de um não-romântico)

Não é na torre do vício que evado,
Nem em cantos obscuros sonho apenas.
Há muito não tendo do seco enfado
Fugir, através das canções amenas.

Onde estão as exaltações dos feitos?
Foram-se? Perfeição! E quem precisa
De alguns fatores longe de perfeitos
E de uma grande ação nada concisa?

Onde estão vossos heróis? Onde estão?
Fugiram? Suspeitei desde o começo.
Eu sempre soube que seria em vão
Acreditar que tal sina mereço.

As evaporadas gotas de orvalho
Seguiram para o escuro Firmamento?
Hei de encontrar esse Destino falho
E dizer-lhe: “Fugir-te almejo e tento!”

Todas as frias, lúcidas estrelas
Sussurram diamantinas chuvas. Dores
Teriam aquelas que não podem tê-las
Olhando-lhes os olhos incolores.

Não consigo nenhum abrigo sem
Que alguém a chutes e gritos me enxote.
Existe quem saiba fazer o bem?
(Quero dizer, além do Dom Quixote...)

Vede ali o Rocinante, tão delgado,
Mas não tanto quanto eu, digo e protesto.
Digo outra vez: Não é do seco enfado
Que fujo em desventuras de molesto.

Não hei medo de morte e de destino,
Nem de cancerosa melancolia.
Impossibilidades não atino,
Mas ironias ao que não faria.

Viciosos, apartai-vos já de mim!
Monótonos, sombrios ide ser longe,
E se fordes, chegai até o fim,
Até onde nem um mais orbe tange.

Podeis rir, já passamos tempo algum
À deriva no spleen com que vos tento.
Querei sonhos cinzentos?Não tive um;
Se não há nada, sobra o pensamento.

Basta de morbidez, basta de aurora
Vermelha em praias vastas, do vazio
De quem permaneceu-- tendo ido embora
Por longa estrada afora, ao vento frio.

Que sabeis, afinal? Que sabereis?
Não sois sábios, homens, sois pragas, pestes
Conhecedoras de restritas leis
E sórdidas coisinhas que fizestes.

Pois então, vinde! Caminhemos juntos
Até o cais sem navios, portos fechados,
Falando sobre diversos assuntos
E esquecendo todos os nossos fados.

quinta-feira, agosto 18, 2005

Soneto de Insubordinação.

Dedicado ao Senhor Vosso Deus

(... o VOSSO, como já dizia o monsenhor Pharoux)


Não te chamo Senhor, tampouco Deus,
Até que eucompartilhe as glórias tuas.
Não quero apenas uma só, nem duas:
Quero que os cosmos todos sejam meus!

Comigo não haverá mais ateus!
Proclamarão qualquer fé pelas ruas,
E erguendo as vozes, com palavras cruas,
Dirão: Adeus, divindades! Adeus!

Não é vingança e nem justiça-- É fato!
Por que pesmitiste que fosse inato
O infinito desejo de vitória?

Assim deste armas ao teu próprio imigo.
Baixando os olhos, caminho contigo
Em direção, talvez, à sina inglória.