Sociedade das Almas Perdidas

Ultimamente não se vê por aí seres humanos; o que encontramos nas vastas terras são os profanos, habitantes das alturas de ferro, e fantoches, trancados nos quartos escuros por trás das cortinas que não querem remover. O que resta, então, são os hereges, as almas perdidas, rondando nos exterior das torres, em derredor do imenso campo enevoado. Onde estão as fronteiras? Onde está o limite? Quando se chega ao além, ao incognoscível?

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Local: Belém, Pará, Brazil

quinta-feira, agosto 05, 2004

Aeterno

Um daqueles poeminhas surgidos na, por assim dizer, falta do que fazer no meio de uma aula de matemática.
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AETERNO
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Cantai, gentis neblinas, as cantigas
Dos mundos elevados, dos mistérios,
Das terras nebulosas, das antigas
Regiões formadas por campos etéreos.

Cantai! Cantai os surpreendentes feitos,
Nos tempos de extintos seres ferozes,
De Iluminados, de velhos eleitos,
No vosso cristalino som das Vozes.

Cantai a vida e a morte destas flores
Vibrantes, veludosas, triunfantes,
De cores todas, ou mesmo incolores,
Tendo depois surgido; ou tendo antes.

Cantai, indefiníveis tons aéreos,
Cantai em breve espaço a voz sumida
Na sombra de antigos, duros impérios,
Imigos e defensores da vida.

Cantai, em Voz suprema, os vãos momentos,
Falsas fortunas, falsas honrarias
De pseudo-heróis, aqueles nunca isentos
De manchas cruas, sórdidas, doentias...

Cantai! Cantai às Luzes do infinito
Os tons errantes na trilha sombria,
A límpida cantiga que, já hei dito,
Na densa névoa se desvanecia.

Onde estão os cantos dos mundos de sonhos?
Evocações, antífonas, corais;
Distantes ecos de Timbres estranhos
Que na penumbra gritam: “Nunca mais!”

Cantai! Antes que chegue o fim do mundo!
Cantai! Antes que tudo seja em vão!
Ouvi! Lá do Infinito é oriundo
Altissonante brado: “Ainda não!”

Fazei encerrar o Tempo neste instante!
Fazei minguar a força de quem invade!
Enfim chegou a hora! Enfim! Adiante!
Cantai-- eternamente-- à Eternidade!