Sociedade das Almas Perdidas

Ultimamente não se vê por aí seres humanos; o que encontramos nas vastas terras são os profanos, habitantes das alturas de ferro, e fantoches, trancados nos quartos escuros por trás das cortinas que não querem remover. O que resta, então, são os hereges, as almas perdidas, rondando nos exterior das torres, em derredor do imenso campo enevoado. Onde estão as fronteiras? Onde está o limite? Quando se chega ao além, ao incognoscível?

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Local: Belém, Pará, Brazil

sexta-feira, maio 13, 2011

"Slides de Lanterna" Felinos

Céli se escondendo embaixo da arquibancada de madeira no ginásio da escola, para ler romances longos durante a aula de educação física. Algumas vezes o professor o surpreendia em seu esconderijo e o fazia correr em torno da quadra até o final da aula, mas ele não se importava, desde que não tivesse de jogar futebol com os outros garotos. Correr em torno da quadra era consideravelmente melhor do que correr de um lado para o outro fingindo jogar.
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A professora Simplícia não se incomodava que os alunos fossem terrivelmente ruins em física, mas realmente pressionava aqueles que fossem ruins em matemática. "É uma questão de pureza, a matemática é a ciência mais pura de todas", ela costumava dizer sobre a diferença. "Deve ser por isso que as aulas dela de matemática parecem um campo nazista", pensou Céli. Ele gostava das aulas dela de física, porém.
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Céli sentado no ginásio, fingindo ler Der Tod in Venedig enquanto espera a chuva passar, mas na verdade observando Pablo jogar basquete sozinho. Eles nunca se falaram antes, e Céli estava reunindo coragem para entrar na quadra e pedir para jogar também.
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Céli e seu amigo humano helênico Coden no topo de uma montanha. "Xenofonte passou por esse mesmo lugar, em tempos remotos", disse Coden respeitosamente. Dali eles podiam enxergar o mar. Céli avançou e gritou "Thálassa! Thálassa!" apenas para saber como era a sensação.
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No juizado da infância e da juventude, depois de ser pego pichando um prédio, Céli assinou o termo de ocorrência com "SPx". O juiz pediu ao secretário que imprimisse outra cópia e disse a Céli austeramente: "Desta vez assine com o seu nome, não com sua marca de gangue." Céli ficou ultrajado: "Essa porra é a minha rubrica. Por que a assistente social, o secretário e tu mesmo podem rubricar e eu não? Tenho um nome complicado e uma caligrafia horrível, sabe..."