Sociedade das Almas Perdidas

Ultimamente não se vê por aí seres humanos; o que encontramos nas vastas terras são os profanos, habitantes das alturas de ferro, e fantoches, trancados nos quartos escuros por trás das cortinas que não querem remover. O que resta, então, são os hereges, as almas perdidas, rondando nos exterior das torres, em derredor do imenso campo enevoado. Onde estão as fronteiras? Onde está o limite? Quando se chega ao além, ao incognoscível?

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domingo, agosto 21, 2005

Evasão (Devaneio de um não-romântico)

Não é na torre do vício que evado,
Nem em cantos obscuros sonho apenas.
Há muito não tendo do seco enfado
Fugir, através das canções amenas.

Onde estão as exaltações dos feitos?
Foram-se? Perfeição! E quem precisa
De alguns fatores longe de perfeitos
E de uma grande ação nada concisa?

Onde estão vossos heróis? Onde estão?
Fugiram? Suspeitei desde o começo.
Eu sempre soube que seria em vão
Acreditar que tal sina mereço.

As evaporadas gotas de orvalho
Seguiram para o escuro Firmamento?
Hei de encontrar esse Destino falho
E dizer-lhe: “Fugir-te almejo e tento!”

Todas as frias, lúcidas estrelas
Sussurram diamantinas chuvas. Dores
Teriam aquelas que não podem tê-las
Olhando-lhes os olhos incolores.

Não consigo nenhum abrigo sem
Que alguém a chutes e gritos me enxote.
Existe quem saiba fazer o bem?
(Quero dizer, além do Dom Quixote...)

Vede ali o Rocinante, tão delgado,
Mas não tanto quanto eu, digo e protesto.
Digo outra vez: Não é do seco enfado
Que fujo em desventuras de molesto.

Não hei medo de morte e de destino,
Nem de cancerosa melancolia.
Impossibilidades não atino,
Mas ironias ao que não faria.

Viciosos, apartai-vos já de mim!
Monótonos, sombrios ide ser longe,
E se fordes, chegai até o fim,
Até onde nem um mais orbe tange.

Podeis rir, já passamos tempo algum
À deriva no spleen com que vos tento.
Querei sonhos cinzentos?Não tive um;
Se não há nada, sobra o pensamento.

Basta de morbidez, basta de aurora
Vermelha em praias vastas, do vazio
De quem permaneceu-- tendo ido embora
Por longa estrada afora, ao vento frio.

Que sabeis, afinal? Que sabereis?
Não sois sábios, homens, sois pragas, pestes
Conhecedoras de restritas leis
E sórdidas coisinhas que fizestes.

Pois então, vinde! Caminhemos juntos
Até o cais sem navios, portos fechados,
Falando sobre diversos assuntos
E esquecendo todos os nossos fados.

1 Comentários:

Anonymous Anônimo disse...

Salve Sphynx!
este é meu irmãozinho, dotado de sábias palavras, para de ler cara, se nao vc via ficar louco!!1
abraços!

2:04 AM  

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