Sociedade das Almas Perdidas

Ultimamente não se vê por aí seres humanos; o que encontramos nas vastas terras são os profanos, habitantes das alturas de ferro, e fantoches, trancados nos quartos escuros por trás das cortinas que não querem remover. O que resta, então, são os hereges, as almas perdidas, rondando nos exterior das torres, em derredor do imenso campo enevoado. Onde estão as fronteiras? Onde está o limite? Quando se chega ao além, ao incognoscível?

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Local: Belém, Pará, Brazil

domingo, julho 31, 2005

Solvet saeclum in favilla...

Sou eu quem vai falar; Deuses, ouvi-me
A voz, e bem elevada voz, pois
Sabeis (e bem sabeis) que não é crime
Gritar antes a quem ouve depois.

Deuses, é noite! É noite má e nefanda
Hoje, dia da ira, dia quando
Em cinzas queima a trilha de quem anda,
Sob chamas céus e terras queimando.

Deuses, maus e nefandos vós sereis?
Nem sei, não vos conheço, mas notai
Que conheço bastante as vossas leis--
Quem foi que as redigiu, o Filho ou o Pai?

Hoje, dia de ira, dia de chamas
Por todo o Panteão mau e nefando;
Tu, Panteão, que ao mundo vais e clamas
Enquanto rezo irônico, cantando.

Vós que sois magnos, vós que sois divinos
Deveis calar-vos sem a minha ajuda,
Ou de qualquer um que entoasse os hinos
Dizendo, ao fim do mundo, “Deus me acuda!”.

O que acontece, volta; O que acontece
Conosco o é convosco, Deuses, vede
O mundo e ouvi qualquer e toda prece;
Também é vossa a alheia fome e sede.